Desigualdades, violências
e violações
de direitos
na Amazônia
Brasileira

O Projeto

O projeto Desigualdades, violências e violações de direitos humanos na Amazônia brasileira, apoiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pretende visibilizar acontecimentos e situações de conflito que engendram ou engendraram violências e violações de direitos na Amazônia brasileira, em sua história recente.

Formada por pesquisadores(as) de três universidades diferentes (UFPA, UERJ e UFRR), trabalhamos com instrumentais teóricos de campos disciplinares como o direito, a antropologia, a arqueologia, a sociologia e a geografia, e em interlocução com integrantes de movimentos sociais, povos e comunidades tradicionais, além de gestores públicos.

Difundir episódios e processos pouco conhecidos ou estudados da história da Amazônia é, ao mesmo tempo, uma forma de contribuir para o alargamento das fronteiras sobre o que seja a história a ser ensinada nas instituições de ensino brasileiras, e uma forma de fortalecer os coletivos envolvidos nos episódios e processos que buscaremos compreender, descrever e visibilizar.

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A partir da investigação sobre as dinâmicas sociais que produzem e perpetuam desigualdades em perspectiva histórica e etnográfica, enfocamos tanto as origens da desigualdade e da violência, quanto as respostas sociais e políticas apresentadas pelos agentes sociais envolvidos em tais situações. Partimos, assim, de uma perspectiva localizada em contextos específicos. Entendemos que os conflitos e as situações de violação adquirem feições particulares que devem ser compreendidas e estudadas antes de que sejam formuladas análises e propostas de intervenção no sentido de minorar os efeitos das violências e das desigualdades. Portanto, a produção do trabalho se utilizado de forma parcimoniosa, ajuda tanto a refletir sobre os desacertos, como permite formular com base real políticas públicas que propiciem às pessoas o bem viver que elas tanto almejam.

Nesse site, divulgamos os principais resultados da pesquisa para a comunidade acadêmica e o público mais amplo interessado na temática. Os folhetos da série Conflitos na Amazônia, dizem respeito a “casos” e “episódios” recentes, relacionados a amplos e estruturais processos políticos de desigualdades e intervenções estatais praticadas de maneira unilateral. O leitor encontrará descrições e análises sobre o “caso dos meninos emasculados”, o “massacre de Eldorado dos Carajás” e a “Batalha de Santa Cruz”. Nestas publicações, apontamos para as dimensões e os efeitos transversais das violências e violações que incidem, entre outros casos, sobre as mulheres indígenas idosas, sobre a regularização fundiária em Roraima e sobre o patrimônio da Amazônia em face do projeto de Belo Monte.

O site apresenta também entrevistas em áudio (na forma de podcast) realizadas com as/os pesquisadoras/es da equipe a respeito do tema dos conflitos na Amazônia. Abordamos os antecedentes das pesquisas, os coletivos com os quais interagiram e as formas de superação dos conflitos possíveis de serem pensadas.

Nos vídeos, apresentamos trechos de entrevistas realizadas e imagens dos cenários das pesquisas. Com isso, tornamos visível a dimensão de construção coletiva e de parceria com nossas/os interlocutoras/es, sem os quais as pesquisas aqui apresentadas não seriam realizadas.

Pesquisas

Os desafios da pesquisa na Amazônia

As pesquisas realizadas na(s) Amazônia(s) brasileira(s) apresentam dificuldades específicas que apresentamos aqui na forma de uma breve reflexão, apontando também traços comuns entre os problemas que enfrentamos e aqueles que podem ser encontrados em outros espaços da prática antropológica.

Em primeiro lugar, muitos são os deslocamentos para a realização do trabalho de campo em face tanto da diversidade social e geográfica da região. As distâncias são enormes. Trabalhamos, no mais das vezes em localidades inacessíveis durante as cheias dos rios, ou ainda durante as secas, o que compromete qualquer cronograma de pesquisa. Isso ocorre especialmente quando se faz trabalho junto a povos indígenas que vivem em regiões de difícil acesso.

Frequentemente, os transportes envolvem vias fluviais, rodoviárias e aérea – isto em uma só etapa de trabalho de campo! O que implica tanto em alto desembolso em gastos como combustível para e aluguel de embarcações, quanto na contratação de serviços não previstos pelas agências de financiamento de pesquisa no Brasil. Este é o caso da incontornável contratação de pessoas físicas que nem sempre possuem a documentação requerida, ou o treinamento adequado para o exercício das funções logísticas necessárias para a pesquisa na Amazônia.

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Em segundo lugar, além do acesso, há a questão da permanência em lugares remotos ou com infraestrutura não convencional. Quando nos instalamos na casa de moradoras/es de uma determinada localidade devemos contribuir com a subsistência daqueles que nos alojam. Compramos o “rancho” – gêneros alimentícios para a nossa estada – e o compartilhamos com nossos anfitriões. Em geral, nossas/os interlocutoras/es dispõem de abrigo, mas não de alimentos para pessoas que não sejam do núcleo doméstico. A decisão de permanecer nas casas das/os interlocutoras/es é parte estratégica da atividade antropológica, pois nos aproxima das pessoas com as quais procuramos construir nossas pesquisas, oferecendo acesso diferenciado às realidades que abordamos. Os editais de fomento muitas vezes ignoram a especificidade do trabalho de campo antropológico – o que dificulta nossas pesquisas e cria a necessidade de justificar gastos a posteriori. Tal é o que ocorre com um dos itens mais importantes dos orçamentos de pesquisa de campo, as diárias, que em geral são escassas nas previsões das agências de fomento.

Um outro problema, por vezes invisibilizado, são as diferenças de fuso horário entre a(s) Amazônia(s). Temos horários diferentes no Acre, no Amazonas, em Rondônia e em Roraima. E no estado do Pará há mais de um fuso horário. Tal situação dificulta a comunicação com as agências de fomento à pesquisa nacionais, somando-se a instabilidade ou falta de comunicação, via internet, e mesmo de rede telefônica celular característica de nossos locais de pesquisa.

No que se refere, especificamente ao tema das nossas investigações, o conflito, enfrentamos outros desafios. Escolhemos como interlocutoras/es lideranças e coletivos que, principalmente nos últimos tempos, vem sendo ameaçadas/os e até mesmo criminalizadas/os. Ao adentrar no tema dos conflitos fundiários, das sobreposições territoriais, dos massacres e de violações sistemáticas aos direitos de minorias sociais (mulheres, crianças, jovens), precisamos adotar medidas de cuidados para nossa segurança e, principalmente, para a segurança das/os nossas/os interlocutoras/es, que permanecem nos locais após o retorno das/os pesquisadoras/es. Por isso, se faz fundamental construir acordos sobre o que divulgar, o que enfatizar, o que não expor. Quem ou o quê precisa ser preservado e o que precisa se tornar visível. Mais do que acordos estáveis no tempo, essa dimensão da negociação é sempre provisória, sujeita aos acontecimentos políticos e sociais que seguem ocorrendo, transformando, modificando, independente do término formal da nossa etapa de pesquisa. Por isso, convidamos a todas e todos a consultarem e reconsultarem o material disponibilizado aqui, que também está em constante reformulação.

Beira do Rio

Jane Beltrão

PPGA - UFPA | Lattes

Paula Lacerda

PPCIS – UERJ | Lattes

Manuela Cordeiro

PPGANTS - UFRR | Lattes

Katiane Silva

PPGA - UFPA | Lattes

Rhuan Carlos Lopes

PPGA/UFC-Unilab | Lattes

Bruno Pacheco

LACED | Lattes

Gabriela Ramos

PPCIS – UERJ | Lattes

Viviane Heringer Tavares

PPCIS – UERJ | Lattes

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